sexta-feira, novembro 11, 2011

OSSOS


antes de se atirar à rótula de vaca, aka osso, que gentilmente lhe oferecem todas as semanas no renovado talho da grão vasco, a bobina circula uns bons dez minutos pela casa com a peça na boca. percorrer o quintal, vai lá dentro até à sala, passa por cima da cama dela, regressa à cozinha, passa por cima da cama que tem na cozinha e regressa ao quintal para mais uma volta. e assim sucessivamente até o osso começar a pesar no delicado focinho da predadora. acaba por pousá-lo em cima de qualquer tapete, não sem antes chorar um bocadinho, frustrada por não conseguir decidir o que fazer com tamanha preciosidade.

ontem à noite não foi exceção. todo este ritual às nove da noite. está claro que adormeci ao som tranquilizante de uma boa dentadura a roer incansavelmente a preciosa peça. osso para cá, osso para lá, pelo chão, pelos tapetes, pelas camas dela, tudo cheio de gordura. ainda tentou vir para a minha cama roer mais um bocadinho, mas foi recambiada par ao chão. tentou depois o sofá, e foi novamente repreendida. resignada, foi para a cama dela espalhar a porcaria. é claro que depois não pôs lá as patinhas para dormir, esperta a miúda.

o certo é que acabei por adormecer sem saber o desfecho do osso semanal, mas hoje de manhã tudo se esclareceu assim que acendi a luz. apesar de não ter visto o osso em lado nenhum, bastou ver o focinho da bobina para perceber que o ritual mais uma se cumpriu ontem quando eu já dormia. a bobina tinha ainda restos de terra espalhados pelo focinho, que ali se alojaram no momento em que foi enterrar o resto do osso no quintal, derrotada pelo cansaço.

Sem comentários: