antes de se atirar à rótula de vaca, aka osso, que
gentilmente lhe oferecem todas as semanas no renovado talho da grão vasco, a
bobina circula uns bons dez minutos pela casa com a peça na boca. percorrer o
quintal, vai lá dentro até à sala, passa por cima da cama dela, regressa à
cozinha, passa por cima da cama que tem na cozinha e regressa ao quintal para
mais uma volta. e assim sucessivamente até o osso começar a pesar no delicado
focinho da predadora. acaba por pousá-lo em cima de qualquer tapete, não sem
antes chorar um bocadinho, frustrada por não conseguir decidir o que fazer com
tamanha preciosidade.
ontem à noite não foi exceção. todo este ritual às nove da
noite. está claro que adormeci ao som tranquilizante de uma boa dentadura a
roer incansavelmente a preciosa peça. osso para cá, osso para lá, pelo chão,
pelos tapetes, pelas camas dela, tudo cheio de gordura. ainda tentou vir para a
minha cama roer mais um bocadinho, mas foi recambiada par ao chão. tentou
depois o sofá, e foi novamente repreendida. resignada, foi para a cama dela
espalhar a porcaria. é claro que depois não pôs lá as patinhas para dormir,
esperta a miúda.
o certo é que acabei por adormecer sem saber o desfecho do
osso semanal, mas hoje de manhã tudo se esclareceu assim que acendi a luz.
apesar de não ter visto o osso em lado nenhum, bastou ver o focinho da bobina
para perceber que o ritual mais uma se cumpriu ontem quando eu já dormia. a
bobina tinha ainda restos de terra espalhados pelo focinho, que ali se alojaram
no momento em que foi enterrar o resto do osso no quintal, derrotada pelo
cansaço.
Sem comentários:
Enviar um comentário