são sete da manhã, é de noite ainda e as únicas pessoas que
se veem na rua estão aglomeradas nas paragens de autocarro, abrigadas da chuva.
aí ou dentro das vistosas pastelarias de benfica. como habitualmente, passo com
a bobina em frente ao milennium. não sei o que há para ali, mas a bobina gosta
de cheirar todos os cantinhos do banco, ali quase em frente à igreja. ontem,
numa análise mais pormenorizada do edifício a bobina descobriu qualquer
coisa...
espetou as orelhas, perdeu a pose descontraída de quem
cheira todas as pedras da calçada individualmente, e pôs-se em posição de
defesa. colada ao chão, chegada para trás, pronta a saltar. e nisto começa a
ladrar desalmadamente contra o vidro, cortando o silêncio que se vive na rua às
sete da manhã. quando vou ver o que se passa, apercebo-me que a pequena bobina
ladrava sem parar a uma figura de cartão em tamanho real de nada mais nada
menos que josé mourinhoa promover uma conta que dá direito a bilhetes para o
rock in rio. só se calou quando lhe garanti que nós não temos de ir ao
festival. o senhor mourinho se quiser vai com a família, mas lá em casa não
somos obrigados. bobina respira de alívio.
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