quarta-feira, maio 02, 2007

mirrors of ourselves iii...

parece que continuo a emitir uma qualquer vibração que impele os demais a dirigirem-se a mim e sem mais nem ontem recitar o que pensam a meu respeito. o C. decide que às seis da manhã é a hora ideal para tecer considerações sobre mim e a minha vida, e tudo é declamado debaixo de um cruzamento de batidas que ecoam com o volume no máximo e já com um considerável sabor a limão. diz então que sou uma pessoa amedrontada pela/ com a (já não me lembro ao certo...) vida e com um medo de arriscar que me impede de brilhar tanto quanto podia, se assim o entendesse. quer ajudar-me a brilhar, parece (com o volume da música falham-me algumas frases, mas parece que é isso que está a dizer). diz também que não sei o que quero da vida. e nesta parte já grita. está a irritar-se não sei com quê, mas gritar comigo definitivamente não é a solução. e por fim, diz ainda que já por várias vezes em conversas anteriores notou que tenho muito medo de não ter dinheiro. e posto isto sou confrontada com uma panóplia de cartões de crédito que não pedi para ver.

pois muito bem, vamos por partes. numa coisa eu tenho de dar razão ao C. porque se há coisa que eu não sei, do alto dos meus 28 anos, é o que quero fazer da minha vida. sim senhor, tem toda a razão, hoje quero uma coisa, amanhã já não, e isto não é sinal de maturidade. talvez quando chegar à idade dele já tenha uma ideia mais definida. dêem-me tempo. com a parte do dinheiro nem vou perder muito tempo, porque nunca existiram sequer "várias conversas anteriores" que permitam tirar conclusões a este respeito. a partir daí... quem me conhece que (não) me compre. e, meu amigo... medo da vida? esquece. talvez da morte... e da daqueles de quem gosto, não propriamente da minha, pelo menos por enquanto. e não, não me acho imortal, mas sinto que ainda me falta fazer muita coisa, e sou uma crente no futuro. é por isso que não tenho medo de arriscar. e neste ponto também não me vou alongar. não é que ande por aí a saltar de aviões sem pára-quedas diariamente, nem a mergulhar em alto mar junto dos tubarões, mas durmo à noite de consciência tranquila por sentir que não tenho deixado as decisões que têm feito a minha vida por mãos alheias.

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