isto é tudo muito bonito, a ansiedade da bobina, as novas regras, devolver-lhe a alegria de passear na rua, etc, etc, mas e eu, caraças? andei quatro anos a habituar-me a viver com uma sobra atrelada a mim, e que nunca se foi deitar quando o sol se pôs. se eu me levanto, lá está ela. se me deito, lá vem ela. se vou lá fora estender a roupa, lá está ela ao pé das molas. se vou fazer o almoço, lá está ela encostada ao fogão. se vou tomar banho, lá está ela à porta. lá está ela, lá está ela, lá está ela.
e agora?
quatro anos depois, pedem-me que me habitue de um dia para o outro a viver outra vez sem a sombra às costas. parece tudo muito saudável, mas os hábitos não se ganham nem se perdem da noite para o dia. estou felicíssima com os progressos da bobina, que até já vai sozinha para a cozinha dormir uma sesta ou outra, mas acho que tenho direito a pelo menos um ou outro post sobre a estranheza que sinto ao vê-la procurar o seu espaço longe do meu quando estou em casa, no sofá. há um mês era impensável um comportamento destes na bobina.
o distanciamento está a instalar-se a pouco e pouco. e não me interpretem mal quando escrevo distanciamento. podemos chamar-lhe uma distância de segurança. assim, a bobina não tem taquicardias sempre que pressente que me vou afastar, e eu não vou com o coração nas mãos cada vez que efetivamente tenho de me ausentar por mais de um dia.
constato que tenho mais uma vez muito a aprender com a bobina. neste momento, no que toca ao poder de encaixe e à rapidez na adaptação a esta nova etapa nas nossas vidas. por que é que será assim tão difícil viver no presente?
A Pensar Morreu Um Burro 2.0 - about a dog
A ladrar desde, + ou -, 2006
quinta-feira, novembro 01, 2012
uma semana depois...
a bobina já dorme aqui ao lado no banquinho, que se tornou dela. chegámos há pouco do melhor passeio que deu desde que ganhou medo à vida lá fora. correu, cheirou, confraternizou com seus pares e com os meus, não mostrou qualquer medo em relação a nada. como nos seus tempos áureos de miss galderice. no regresso, baixou a guarda e rendeu-se à ração sem patés pedigree misturadinhos. royal canin pura e dura. marchou tudo. até o ossinho vegetariano para lavar as dentolas. ao fim de uma semana de reeducação, sinto que a bobina está lançada para uma vida de paz e tranquilidade.
terça-feira, outubro 30, 2012
combate à ansiedade: dia 6
as corridas continuam a revelar-se o melhor remédio para combater os receios da bobina no meio da cidade. basta pôr o turbo um minuto ou dois e lá vai ela descontraída pela rua fora. eu é que vou ter de me decidir a regressar ao ginásio, caso contrário não aguento este ritmo...
maior progresso do dia: depois de duas séries de 15 minutos de independência, em que chegou mesmo a adormecer, por duas vezes a bobina foi, pelo próprio pé, dormir as suas variadas sestas, sozinha, para a cozinha.
maior progresso do dia: depois de duas séries de 15 minutos de independência, em que chegou mesmo a adormecer, por duas vezes a bobina foi, pelo próprio pé, dormir as suas variadas sestas, sozinha, para a cozinha.
feliz constatação de final de dia: já perdi conta dos dias que passaram sem que a bobina tivesse comido alimentos impróprios para consumo canino no café da esquina, nas pastelarias, na rua em geral. há mesmo males que vêm por bem. nunca pensei que esta questão se resolvesse por si só, sem que eu tivesse de intervir drasticamente. ironicamente, a culpa foi de um camião do lixo.
segunda-feira, outubro 29, 2012
combate à ansiedade: dia 5
e ao quinto dia subimos a parada para os 15 minutos de independência da bobina. limpinho. sem reclamações. a chegada a casa continua a provocar mais barulho e ansiedade, mas quando a vou libertar não deixa dúvidas de que está só a testar a minha autoridade. acaba por se deitar no chão num abrir e fechar de olhos.
continua meio insegura nos passeios, mas já percebi que as corridas são a solução. depois de uma corrida pela rua acima, acaba por se esquecer dos barulhos e dos carros. não consigo perceber a associação que a cabeça da bobina fez, mas o certo é que demonstra sempre menos medos quando a levo para sítios novos e diferentes daqueles em que passeava habitualmente, mesmo que tenham carros e mais movimento do que os descampados que temos feito por encontrar.
e do mesmo modo que tem rejeitado sítios do costume, a bobina também tem demonstrado maior afecto por novos amigos, continuando a ignorar aqueles para quem costumava correr desalmadamente para os braços. já adotou os novos amigos vizinhos e sua casa :)
bobina altiva
depois do susto, apesar da bobina já ter recuperado o gosto pelos passeios, não voltou (ainda) a mostrar a mesma sociabilidade com a vizinhança, que anda desgostosa com a indiferença da bobina, por onde passa.
a cadela que parecia que gostava de sair à rua para encontrar os vizinhos de todos os dias, tal era a alegria que demonstrava sempre quando se cruzava com eles, agora não liga nenhuma à maioria das pessoas. salvo raras excepções, porque há um dois eleitos a quem ela continua a fazer-lhes ganhar o dia com a felicidade que demonstra quando os reconhece.
o bom nisto tudo é que, por acréscimo, deixou de pedir comida com o olhar, a tudo e todos. por agora, acabaram mesmo os petisquinhos nas pastelarias e na rua.
a cadela que parecia que gostava de sair à rua para encontrar os vizinhos de todos os dias, tal era a alegria que demonstrava sempre quando se cruzava com eles, agora não liga nenhuma à maioria das pessoas. salvo raras excepções, porque há um dois eleitos a quem ela continua a fazer-lhes ganhar o dia com a felicidade que demonstra quando os reconhece.
o bom nisto tudo é que, por acréscimo, deixou de pedir comida com o olhar, a tudo e todos. por agora, acabaram mesmo os petisquinhos nas pastelarias e na rua.
domingo, outubro 28, 2012
combate à ansiedade: dia 4
tudo a correr dentro da normalidade. a família e os amigos começaram hoje a pôr também em prática as novas regras com a bobina, que ainda chora quando me afasto para ir ao supermercado ou a uma loja e tem de ficar aos cuidados de outra pessoa, mas sem grandes alaridos. ansiamos pelo dia em que possa deixar a bobina à porta do supermercado, calma e tranquila, à minha espera, como vejo tantos outros donos fazer.
em casa, continuamos com a fasquia nos dez minutos de independência, sem problemas de qualquer espécie. hoje a bobina já esperou na cama dela, deitada, tranquilamente. as esperas que acompanham as minhas chegadas a casa são bastante mais agitadas, mas nada que não passe em 5 ou 10 minutos de falta de atenção.
em casa, continuamos com a fasquia nos dez minutos de independência, sem problemas de qualquer espécie. hoje a bobina já esperou na cama dela, deitada, tranquilamente. as esperas que acompanham as minhas chegadas a casa são bastante mais agitadas, mas nada que não passe em 5 ou 10 minutos de falta de atenção.
sábado, outubro 27, 2012
combate à ansiedade: dia 3
primeiro fim de semana com novas regras instaladas. tal como em qualquer situação que exija maior controlo da nossa parte, como uma dieta, estes novos hábitos na vida da bobina tornam-se mais complicados de cumprir ao fim de semana, pela mudança que há em relação às rotinas que se impõem de 2ª a 6ª. a bobina está menos tempo sozinha, anda mais na rua, está exposta a mais situações em que a seu tempo começará a demonstrar menos ansiedade. para já, continua a ladrar aos cães na rua :)
- ao terceiro dia, a bobina recuperou a alegria de ir à rua, mas com trela. continua a sentar-se facilmente quando lho peço, antes de lhe pôr a trela. se, por acaso, a alicio a ir à rua e a deixo sair sem trela, até ao passeio, não avança, fica na escada parada. se lhe ponho a trela, é vê-la correr porta fora. já passeia sem problemas, dando apenas mostras de medo dos carros em locais muito específicos, que já identifiquei. curiosamente, nos sítios onde mais tempo passava antes do episódio do camião do lixo...
- mais progressos da rua: como almocei numa esplanada, levei a bobina. arrisquei tudo, se tivermos em conta que a esplanada fica junto à estrada de benfica, onde circulam autocarros a todo o instante. os mesmos monstros que durante os últimos 15 dias a fizeram querer fugir a sete pés para casa, com o rabinho entre as pernas. durante cerca de uma hora a bobina assistiu da bancada aos autocarros a passar para um lado e para o outro, impávida e serena. melhor ainda, ladrou por duas vezes a cães que passavam do outro lado da rua, em sinal de recuperação de parte da confiança perdida, e que a chegou a deixar muda durante uma semana.
- aumentámos o tempo de espera na cozinha de 5 para 10 minutos. por estarmos mais tempo fora de casa, só houve tempo para uma sessão de independência ao final da tarde. ao fim do 10 minutos, quando fui ver, a bobina estava deitada na cama dela, na cozinha, e quando abri a porta nem se levantou. aguardou pacientemente, deitada, pelas festinhas de recompensa, e só depois veio atrás de mim.
- ao terceiro dia, a bobina recuperou a alegria de ir à rua, mas com trela. continua a sentar-se facilmente quando lho peço, antes de lhe pôr a trela. se, por acaso, a alicio a ir à rua e a deixo sair sem trela, até ao passeio, não avança, fica na escada parada. se lhe ponho a trela, é vê-la correr porta fora. já passeia sem problemas, dando apenas mostras de medo dos carros em locais muito específicos, que já identifiquei. curiosamente, nos sítios onde mais tempo passava antes do episódio do camião do lixo...
- mais progressos da rua: como almocei numa esplanada, levei a bobina. arrisquei tudo, se tivermos em conta que a esplanada fica junto à estrada de benfica, onde circulam autocarros a todo o instante. os mesmos monstros que durante os últimos 15 dias a fizeram querer fugir a sete pés para casa, com o rabinho entre as pernas. durante cerca de uma hora a bobina assistiu da bancada aos autocarros a passar para um lado e para o outro, impávida e serena. melhor ainda, ladrou por duas vezes a cães que passavam do outro lado da rua, em sinal de recuperação de parte da confiança perdida, e que a chegou a deixar muda durante uma semana.
- aumentámos o tempo de espera na cozinha de 5 para 10 minutos. por estarmos mais tempo fora de casa, só houve tempo para uma sessão de independência ao final da tarde. ao fim do 10 minutos, quando fui ver, a bobina estava deitada na cama dela, na cozinha, e quando abri a porta nem se levantou. aguardou pacientemente, deitada, pelas festinhas de recompensa, e só depois veio atrás de mim.
sexta-feira, outubro 26, 2012
combate à ansiedade: dia 2
conforme previsto, revela-se tudo muito mais fácil para a bobina a adaptação a estas mudanças, do que para quem tem de gerir isto tudo. já pensei em colar post-its pela casa toda (seriam 2 ou 3) a lembrar-me do que posso ou não fazer agora. porque, em suma:
- a bobina já para a porta da casa de banho para que eu possa fechar a porta. há três dias entrava em sprint em direção à minhas pernas num salto bem dado e cheio de balanço. agora, espera cá fora, deitada, à minha espera. em alturas de maior alegria ainda fica colada à porta, mas são já menos do que se esperava.
- os passeios melhoraram da noite para o dia. é caso que o medo dos carros e dos barulhos está a desaparecer tão depressa como apareceu. e o primeiro passo para o regresso ao local do crime pelo próprio pé foi dado hoje. Apesar de ainda não se sentir à vontade no café da esquina, a bobina já puxou para lá durante o passeio e entrou. deu uma volta na zona das mesas e quis sair, ainda sem uma visita ao cantinho do balcão - de onde vislumbrou o maldito camião do lixo, que a aterrorizou.
- os cinco minutos de independência na cozinha durante a tarde, cumpre-os com uma perna às costas, já deitada na cama dela.
- o tempo de espera para as festinhas a que agora tem de se habituar quando chego a casa, também tem sido tranquilo. à tarde é mais pacífico do que à noite, porque quando entro em casa, por exemplo, às 15h, apanho-a a meio de uma sesta, ou seja, ainda está a meio gás. volvidos os 5 minutos, encontro-a deitada no chão à espera. quando saio à noite e regresso por exemplo às 2h da manhã, há mais carnaval enquanto aguarda que vá ter com ela, e sai mais agitada, mas nada de exagerado e que não passe com umas corridas no terraço. as festas saem apenas quando acaba por se sentar ou deitar no chão. ela não dá mostras de ressentimentos :)
quinta-feira, outubro 25, 2012
pulgas impermeáveis
deve haver nova praga de pulgas em benfica. só hoje, já saquei do lombinho da bobina algumas dez pulgas. a maioria já sem vida, o que significa que o antipulgas está a fazer efeito, mas o que é sinal também que as sacaninhas (eram todas minúsculas) petiscaram nas costas da bobina. pela calada. assim se justifica o súbito ataque de comichões que a voltou a atacar nos últimos dias, depois de meses sem dar mostras do famoso movimento de tocar guitarra,ou harpa, (conforme os gostos musicais dos donos), que quem tem cães tão bem conhece. faremos novas vistorias sempre que a bobina tocar mais uns acordes. já nem com o céu a cair as pulgas se remetem à sua insignificância...
Combate à ansiedade: dia 1
a bobina é o que se pode chamar uma ótima paciente. e confirma a teoria da profª ilda rosa de que é uma cadela que faz tudo para agradar a dona. o rescaldo do primeiro dia da nova vida da bobina foi um sucesso. a pequenita revelou-se uma verdadeira paz de alma no que respeita à adaptação às novas rotinas do mimo. e passo a enumerar:
- quando fechei a porta da casa de banho de manhã, pela primeira vez, a bobina tentou abri-la com o focinho, empurrou duas vezes. não conseguindo, voltou para o banquinho dela e deitou-se a dormir a sesta que dorme diariamente enquanto tomo banho. nas vezes seguintes, durante a tarde, ora esperou sentada à porta, ora permaneceu deitada no chão, tal como estava.
- antes da saída para o passeio matinal, sentou-se tal como lhe pedi antes de lhe pôr a trela. não foram precisos mais do que 5 segundos para que correspondesse ao pedido.
- durante o passeio não demonstrou grandes medos em relação aos barulhos e aos carros, por isso não precisei de aplicar a técnica do seguir em frente ignorando os puxões para casa.
- no meu regresso a casa, respirei fundo antes de entrar, para pôr em prática do modo mais assertivo possível aquela que à partida me parece a tarefa mais difícil para mim, não para ela. cumpri o prometido, e entrei sem lhe ligar nenhuma. esperei 5 minutos, cronometrados, até lhe abrir a porta da cozinha. quando abri a porta, ignorei por completo os apelos da bobina para que lhe desse a minha atenção. virei-lhe costas quando me saltou para as pernas, e fingi não ouvir os guinchos nervosos de felicidade que geralmente acompanham os saltos quando e chego a casa. bastou o tempo de lavar a loiça que tinha deixado do dia anterior para que se acalmasse e se deitasse aos meus pés. quando acabei, sequei as mãos e calmamente lhe dei as primeiras festas da tarde. ela permaneceu deitada, já calma.
- durante a tarde, fechei-a na cozinha por três vezes durante 5 minutos, mais uma vez cronometrados. foi o primeiro passo a caminho da 1 hora completa de independência entre cadela e dona no mesmo espaço. a bobina não chorou, não guinchou, não ladrou, nem se atirou contra a porta. foi simplesmente até à porta confirmar se conseguia sair. sem sucesso, sentou-se sossegada no meio da cozinha, de olhos postos na porta (como a porta é tipo bar western é possível observar, de mansinho, claro). amanhã, conto que já se deite pelo menos no último minuto.
- no passeio da tarde demonstrou medo dos carros. ignorei os puxões e segui caminho, e acabei por conseguir dar uma volta maior do que qualquer uma que lhe consegui arrancar desde há 15 dias para cá.
- no passeio da noite, ignorou por completo os carros. só não me aventurou ao passeio de meia hora pelas ameaças constantes da chuva.
- quando fechei a porta da casa de banho de manhã, pela primeira vez, a bobina tentou abri-la com o focinho, empurrou duas vezes. não conseguindo, voltou para o banquinho dela e deitou-se a dormir a sesta que dorme diariamente enquanto tomo banho. nas vezes seguintes, durante a tarde, ora esperou sentada à porta, ora permaneceu deitada no chão, tal como estava.
- antes da saída para o passeio matinal, sentou-se tal como lhe pedi antes de lhe pôr a trela. não foram precisos mais do que 5 segundos para que correspondesse ao pedido.
- durante o passeio não demonstrou grandes medos em relação aos barulhos e aos carros, por isso não precisei de aplicar a técnica do seguir em frente ignorando os puxões para casa.
- no meu regresso a casa, respirei fundo antes de entrar, para pôr em prática do modo mais assertivo possível aquela que à partida me parece a tarefa mais difícil para mim, não para ela. cumpri o prometido, e entrei sem lhe ligar nenhuma. esperei 5 minutos, cronometrados, até lhe abrir a porta da cozinha. quando abri a porta, ignorei por completo os apelos da bobina para que lhe desse a minha atenção. virei-lhe costas quando me saltou para as pernas, e fingi não ouvir os guinchos nervosos de felicidade que geralmente acompanham os saltos quando e chego a casa. bastou o tempo de lavar a loiça que tinha deixado do dia anterior para que se acalmasse e se deitasse aos meus pés. quando acabei, sequei as mãos e calmamente lhe dei as primeiras festas da tarde. ela permaneceu deitada, já calma.
- durante a tarde, fechei-a na cozinha por três vezes durante 5 minutos, mais uma vez cronometrados. foi o primeiro passo a caminho da 1 hora completa de independência entre cadela e dona no mesmo espaço. a bobina não chorou, não guinchou, não ladrou, nem se atirou contra a porta. foi simplesmente até à porta confirmar se conseguia sair. sem sucesso, sentou-se sossegada no meio da cozinha, de olhos postos na porta (como a porta é tipo bar western é possível observar, de mansinho, claro). amanhã, conto que já se deite pelo menos no último minuto.
- no passeio da tarde demonstrou medo dos carros. ignorei os puxões e segui caminho, e acabei por conseguir dar uma volta maior do que qualquer uma que lhe consegui arrancar desde há 15 dias para cá.
- no passeio da noite, ignorou por completo os carros. só não me aventurou ao passeio de meia hora pelas ameaças constantes da chuva.
quarta-feira, outubro 24, 2012
um futuro melhor em 5 passos
a partir de amanhã tudo muda na constante educação da bobina. queremos pôr termo, ou pelo menos atenuar, a ansiedade com que veio ao mundo, de maneira a que tenha um resto e vida tranquilinho e descansado. é que com cama, comida e roupa lavada ela não tem que se preocupar para o resto da vida, por isso não há motivos para viver em stress sempre que a rotina lhe foge ao controlo. o objetivo dos próximos meses é fazer com que a bobina se torne numa cadela mais independente, e me devolva tb pelo parte da independência que perdi, desde o dia em que ela entrou por aquela porta. para bem de todos.
1º passo: quando entro em casa, só vou ter com a bobina 5 minutos depois de chegar. abro a porta da cozinha e se ela ainda estiver agitada terei de a ignorar. festas só quando se resignar e se deitar no chão.
ou seja:
acabaram as festas quando chego a casa. enquanto não estou em casa, a bobina fica com a cozinha e o terraço à sua disposição. até aqui, quando regressava, a primeira coisa a fazer era abrir-lhe a porta da cozinha e traze-la para a minha cama para lhe dar festas, e a seguir, de volta à cozinha, um biscoito. fim.
2º passo: quando vou à casa de banho, porta sempre fechada. momento de independência para mim.
3º passo: sempre que eu estiver em casa, a bobina vai ter de ficar, primeiro, 5 minutos sozinha na cozinha e no terraço, depois 10, depois 15, depois 20, até conseguir estar uma hora por dia sozinha com os seus pensamentos mesmo comigo em casa. tudo para que se torne mais independente, e deixe de sentir que tem de controlar todos os meus passos a toda a hora.
4º passo: sempre que a bobina ladrar a outro cão, a um vizinho que entra no prédio, ou ao que quer que for, devo ignorar para que perceba que ninguém lhe está a ligar, e sobretudo, que não tem as costas quentes. ao sentir-se desprotegida, se tudo correr como previsto deixará de ladrar aos outros cães, que tiveram o azar de nascer maiores do que ela.
5º passo: mudar o roteiro dos passeios e evitar levá-la para sítios com muita gente e muito movimento. optar por sítios mais calmos e longe do local onde se assustou com o barulho do camião do lixo para que recupere a confiança de andar na rua. no final dos passeios, podemos passar no "local do crime" mas com alguma distância. e nunca ceder à vontade da bobina, quando de repente se assusta e começa a puxar para casa com todas as forças. terei de ignorá-la e seguir em frente sem lhe dirigir a palavra. ao voltar para trás, diz que estou a dar-lhe o comando da situação e a devolve-la ao ambiente onde se sente confortável porque me controla. espetacular!
tudo deixa de me parecer impossível, dada a força e motivação que a profª Ilda Rosa me transmitiu depois de registar no papel tudo o que fiz pela educação da bobina durante estes quatro anos. ao que parece, estas novas missões, ao pé de tudo o que já fiz, serão para meninos. posto isto, vou ali dar um grande abracinho à bobina e de seguida mandá-la para os primeiros 5 minutos de isolamento da sua vida, sem o coração apertado.
1º passo: quando entro em casa, só vou ter com a bobina 5 minutos depois de chegar. abro a porta da cozinha e se ela ainda estiver agitada terei de a ignorar. festas só quando se resignar e se deitar no chão.
ou seja:
acabaram as festas quando chego a casa. enquanto não estou em casa, a bobina fica com a cozinha e o terraço à sua disposição. até aqui, quando regressava, a primeira coisa a fazer era abrir-lhe a porta da cozinha e traze-la para a minha cama para lhe dar festas, e a seguir, de volta à cozinha, um biscoito. fim.
2º passo: quando vou à casa de banho, porta sempre fechada. momento de independência para mim.
3º passo: sempre que eu estiver em casa, a bobina vai ter de ficar, primeiro, 5 minutos sozinha na cozinha e no terraço, depois 10, depois 15, depois 20, até conseguir estar uma hora por dia sozinha com os seus pensamentos mesmo comigo em casa. tudo para que se torne mais independente, e deixe de sentir que tem de controlar todos os meus passos a toda a hora.
4º passo: sempre que a bobina ladrar a outro cão, a um vizinho que entra no prédio, ou ao que quer que for, devo ignorar para que perceba que ninguém lhe está a ligar, e sobretudo, que não tem as costas quentes. ao sentir-se desprotegida, se tudo correr como previsto deixará de ladrar aos outros cães, que tiveram o azar de nascer maiores do que ela.
5º passo: mudar o roteiro dos passeios e evitar levá-la para sítios com muita gente e muito movimento. optar por sítios mais calmos e longe do local onde se assustou com o barulho do camião do lixo para que recupere a confiança de andar na rua. no final dos passeios, podemos passar no "local do crime" mas com alguma distância. e nunca ceder à vontade da bobina, quando de repente se assusta e começa a puxar para casa com todas as forças. terei de ignorá-la e seguir em frente sem lhe dirigir a palavra. ao voltar para trás, diz que estou a dar-lhe o comando da situação e a devolve-la ao ambiente onde se sente confortável porque me controla. espetacular!
tudo deixa de me parecer impossível, dada a força e motivação que a profª Ilda Rosa me transmitiu depois de registar no papel tudo o que fiz pela educação da bobina durante estes quatro anos. ao que parece, estas novas missões, ao pé de tudo o que já fiz, serão para meninos. posto isto, vou ali dar um grande abracinho à bobina e de seguida mandá-la para os primeiros 5 minutos de isolamento da sua vida, sem o coração apertado.
1ª consulta de comportamento animal
depois de algumas pesquisas no google, feitas de frases como "a minha cadela tem medo dos carros", ou "a minha cadela não quer passear", cheguei por portas e travessas ao nome da Profª Ilda Rosa, da Faculdade de Medicina Veterinária de Lisboa, especialista em comportamento animal. os comentários davam conta de que teria já ajudado a solucionar casos de cães com problemas, de que já uma série de veterinários teriam desistido. a história pareceu-me semelhante à da maioria dos casos mostrados nessa bíblia dos donos de cães, chamada O Encantador de Cães. com as devidas distâncias na atividade profissional de cada um, e até porque as possibilidades de ir até à califórnia e conseguir marcação com Cesar Millan estão na realidade ainda mais distantes do que o próprio estado da califórnia em relação a portugal, vi na Profª Ilda Rosa a nossa encantadora de cães nacional e marquei consulta.
a consulta foi hoje, 24 outubro 2012, durou cerca de uma hora e custou 38,5€.
a partir do momento em que entrei na sala da consulta fui proibida de comunicar com a bobina e obrigada a virar-lhe costas sempre que saltasse para as minhas pernas. assim fiz. custou-me os primeiros minutos porque nestes quatro anos contam-me pelos dedos de uma mão as vezes que a ignorei propositadamente, e sempre que o fiz foi com a intenção de a castigar, pelo que estava motivada para tal. hoje foi diferente. a bobina saltou, virei-lhe costas; a bobina chorou, ignorei; a bobina fixou-me com o olhar todo aquele tempo à espera de que olhasse de volta, e eu olhei para todo o lado menos para baixo.
enquanto isso, fui respondendo às perguntas da profª, sobre os hábitos, comportamentos, rotinas e tudo o que à vida da bobina diz respeito. e por fim, parece que vai tudo dar à ansiedade. durante uma hora, a profª Ilda Rosa observou a bobina a tentar captar a minha atenção, autorizando-me apenas uma festa rápida sempre que ela se resignasse e se deitasse sossegada no chão. assim foi acontecendo. a capacidade de resposta da bobina não deixou indiferente a profª, que se mostrou bem mais motivada do que eu no que aos próximos meses da nossa vida diz respeito. no final da consulta, era ver a bobina mais tempo deitada do que à minha volta. bastou apenas uma hora para a miss ansiedade perceber que conseguia as festas, não com os habituais saltos e choradeiras, mas o simples facto de se estender ao comprido no chão.
a consulta foi hoje, 24 outubro 2012, durou cerca de uma hora e custou 38,5€.
a partir do momento em que entrei na sala da consulta fui proibida de comunicar com a bobina e obrigada a virar-lhe costas sempre que saltasse para as minhas pernas. assim fiz. custou-me os primeiros minutos porque nestes quatro anos contam-me pelos dedos de uma mão as vezes que a ignorei propositadamente, e sempre que o fiz foi com a intenção de a castigar, pelo que estava motivada para tal. hoje foi diferente. a bobina saltou, virei-lhe costas; a bobina chorou, ignorei; a bobina fixou-me com o olhar todo aquele tempo à espera de que olhasse de volta, e eu olhei para todo o lado menos para baixo.
enquanto isso, fui respondendo às perguntas da profª, sobre os hábitos, comportamentos, rotinas e tudo o que à vida da bobina diz respeito. e por fim, parece que vai tudo dar à ansiedade. durante uma hora, a profª Ilda Rosa observou a bobina a tentar captar a minha atenção, autorizando-me apenas uma festa rápida sempre que ela se resignasse e se deitasse sossegada no chão. assim foi acontecendo. a capacidade de resposta da bobina não deixou indiferente a profª, que se mostrou bem mais motivada do que eu no que aos próximos meses da nossa vida diz respeito. no final da consulta, era ver a bobina mais tempo deitada do que à minha volta. bastou apenas uma hora para a miss ansiedade perceber que conseguia as festas, não com os habituais saltos e choradeiras, mas o simples facto de se estender ao comprido no chão.
diagnóstico: ansiedade
o regresso à escrita prende-se com o dia zero de uma nova vida para a bobina. depois de quatro anos a conviver com a ansiedade, que a bobina trouxe na bagagem quando veio cá para casa, os reflexos desse pequeno problema deixaram de poder ser considerados menores, em comparação com todas as conquistas que a pequenita tem feito, através da sua já inquestionável capacidade para absorver e apreender tudo aquilo que lhe ensino diariamente.
em consequência de um episódio que não acrescentou nada à sua rotina diária, a bobina criou um pânico desmedido aos carros e barulhos que povoam as ruas da cidade, que lhe lhe está a condicionar a vida normal. Por se ter cruzado com um camião do lixo num dos passeios da tarde, a bobina vê agora qualquer viatura, e barulho, como ameaça iminente à sua segurança. e de uma cadela sociável, sempre pronta para ir à rua, e activa, a bobina passou a ser uma cadela que por vontade própria não punha nem o nariz fora da porta do prédio, e que pouco liga à vizinhança, tal é a pressa de voltar para casa assim que a faço sair de casa.
é triste de ver como de um momento para o outro, sem razão aparente, o comportamento de um animal pode mudar. num minuto, não posso abrir a porta sem que ela saia disparada à procura de algum vizinho que lhe faça festas na rua ou lhe dê qualquer petisco para a confortar; no outro, tenho de a obrigar a sair, arrastando-a pela trela, enquanto a vejo colar-se ao chão com todas as forças à porta de casa, e a chorar quando a puxo em direção à rua.
diz que não é mais do que o culminar de um estado de ansiedade partilhado por muitos dos cães que um dia foram abandonados.
em consequência de um episódio que não acrescentou nada à sua rotina diária, a bobina criou um pânico desmedido aos carros e barulhos que povoam as ruas da cidade, que lhe lhe está a condicionar a vida normal. Por se ter cruzado com um camião do lixo num dos passeios da tarde, a bobina vê agora qualquer viatura, e barulho, como ameaça iminente à sua segurança. e de uma cadela sociável, sempre pronta para ir à rua, e activa, a bobina passou a ser uma cadela que por vontade própria não punha nem o nariz fora da porta do prédio, e que pouco liga à vizinhança, tal é a pressa de voltar para casa assim que a faço sair de casa.
é triste de ver como de um momento para o outro, sem razão aparente, o comportamento de um animal pode mudar. num minuto, não posso abrir a porta sem que ela saia disparada à procura de algum vizinho que lhe faça festas na rua ou lhe dê qualquer petisco para a confortar; no outro, tenho de a obrigar a sair, arrastando-a pela trela, enquanto a vejo colar-se ao chão com todas as forças à porta de casa, e a chorar quando a puxo em direção à rua.
diz que não é mais do que o culminar de um estado de ansiedade partilhado por muitos dos cães que um dia foram abandonados.
terça-feira, janeiro 17, 2012
no bom caminho
nesta altura do campeonato, mais do que eu perder um quilo
ou dois, deixa-me mais feliz ouvir uma vizinha dizer que a bobina está mais
magrinha. eu que estou com ela diariamente, raramente noto o adelgaçar do lombo
da pequenita, porque continua a apertar pneus por todo o lado. ainda assim, é
sempre bom que à vista desarmada se note que está mais magra, por pouco que
seja, porque os esforços nesse sentido têm sido hercúleos. em linguagem
moderna, sai um like para a bobina.
segunda-feira, janeiro 16, 2012
a bobina e os outros
a bobina está a fazer-se uma cadela calma e introspetiva,
quando rodeada por muitos da sua espécie. sempre foi destemida, e ainda é, que
fique bem claro. no entanto, ao chegar à praia e encontrar o areal com três
cães por metro quadrado, a postura social da bobina transforma-se por completo.
em vez de ir ter com os amigos a correr desenfreadamente, como outrora, a
bobina prefere nesta fase observá-los de longe, tranquila e segura, atrás das
pernas da dona. já lá vai o tempo em que mal via um cão nas redondezas metia o
turbo e ai de quem se atravessasse no caminho. do alto seus quatro ou cinco
anos, vemos uma bobina bem diferente, do que aquela que acolhemos com um ou
dois anos. está feita uma senhora.
é claro que quando encontra o areal vazio, à sua inteira
disposição, parece a mesma de sempre. corre, corre, corre e só para quando se
lembra de que a dona pode não ir atrás dela à mesma velocidade. esperta. depois
de verificar que ainda tem a dona no campo de visão, segue viagem. isso quando
eu não lhe troco as voltas e começo a andar em sentido contrário. aí é ve-la no
seu melhor sprint em direção às minhas pernas. uma atleta, ainda que com peso a
mais para a altura.
segunda-feira, janeiro 02, 2012
regresso às aulas
a bobina passou a temporada das festas quentinha, gordinha e
com mimo para dar e vender. no dia de regresso ao trabalho, depois de umas
semanas em que o tempo e a realidade parecem ter parado, a bobina foi
confrontada com a obrigatoriedade da retoma da rotina e dos horários rigorosos.
era vê-la hoje de manhã, noite escura ainda, a implorar com os olhos ainda mei
fechados e com a passada lentinha, para não ir à rua tão cedo. irreconhecível.
passeou durante 20 minutos a passo de caracol, rosnou e ladrou com unhas e
dentes a um de seus pares que se aproximou dela com a melhor das intenções, e
não fez nem xixi nem cocó, calculo que em modo de protesto. pata terminar, ao
contrário dos restantes dias do ano em que a bobina demora cerca de 10 minutos
a fazer um trajeto de um minuto no regresso a casa, hoje provou pelas
próprias patinhas que a rua se sobe realmente num minuto. chegada a casa, cama
com ela. presumo que por lá ficatá até o sol brilhar, altura em que poderá
avistar-se a bobina estendida em cima da mesa, ferrada a dormir ao
sol. hoje foi um dos dias em que secretamente desejei ser uma bobina e
regressar à cama depois do pequeno almoço.
domingo, dezembro 18, 2011
uma bobina feliz com a crise
a bobina anda feliz da vida com a dona de férias em casa. a
alegria da pequenita está espelhada nos olhos bem abertos e brilhantes que
ostenta, mais ainda do que de costume, rua fora. outra prova do estado de
felicidade da bobina é que por estes dias tem brincado mais com a coleção de
pequenos peluches que já armazena ao lado da cama dela, do que em toda a sua
vida cá em casa. há bonecada espalhada por todos os cantos. e mal me viro, lá
está ela saltitando pela casa com mais um peluche na boca. larga-os no chão,
olha-os nos olhos e volta a abocanhá-los de um salto, voltando aos saltinhos de
um lado para o outro. brinca com todos, um de cada vez, dá gosto de ver. e assim,
quem se importa de não ter como ir de férias para ali ou para acoli?
bobina no forno
diz que a bobina está pronta, prontinha, para ir para o
forno este natal. o comentário perspicaz vem de duas senhoras, séniores, que se
cruzam connosco em frente ao girassol. despedem-se entretanto, não sem antes
referir que, para além de rechonchuda, a bobina está linda. quem é que precisa
de peru na consoada quando se tem uma bobina linda como esta! e pelos vistos as
corridas regulares pela praia não há meio de começarem a dar o ar da sua graça
no lombinho da bobina...
sábado, dezembro 10, 2011
a sono solto
para compensar as tardes de árduo exercício físico, a bobina
tirou o dia de hoje para descansar os músculos e pôr o sono em dia, presumo
eu... será que sabe que é sábado? passa da uma da tarde e a pequenita ainda nem
deu sinais de querer ir à rua. comeu à hora do costume, seis da manhã, e voltou
para a cama. entretanto, já dormiu na cama dela, na minha e agora está enrolada
no sofá, no cantinho dela. por este andar, tenho impressão que hoje ao fim da
tarde temos nova sessão de jogging na praia. ou isso, ou vai haver escavações
noturnas no quintal outra vez.
no jardim da estrela com os patos
diz que bobina tem genes de caça. que devia ser usada para
entrar nas tocas e andar no meio dos arbustos, dada a sua constituição
rasteirinha e agilidade e fuçanguice naturais. ontem a bobina teve uma tarde
daquilo que se depender de mim será para sempre o mais parecido que terá de um
dia de caça.
à solta no jardim da estrela, a bobina andou livremente
atrás dos pombos e dos patos durante um bom bocado. aguardei que a qualquer
momento um segurança do jardim me viesse prender a mim ou apreender a cadela, mas
a bobina andava tão satisfeita atrás da bicharada, que arrisquei a minha sorte
e deixei-a andar à volta do lago. foi realmente uma sorte ela não ter caído
dentro de água, nem ter esquecido por um minuto que tem um medo tremendo da
água. foi lá que os patos se refugiaram todos, ao avistar as rápidas patinhas
da bobina por ali fora.
nem sinal de segurança durante todo o xinfrim dos patos em
fuga da bobina. apenas uma senhora se mostrou muito incomodada, e defensora
convicta do bem-estar dos patos. tenho de lhe dar razão, e dei, acabei foi por
constatar mais uma vez que há muita gente que graves problemas de comunicação e
um nível de agressividade assustador. e continuo sem perceber por que raio
esteve a senhora a conter tanta indignação durante tanto tempo, para se
manifestar apenas no momento em que me viu prender a bobina...
bobina e os grandes
depois de uma escavação noturna que a bobina levou a cabo no
quintal uma destas noites, lá pelas duas, três da manhã, decidi que estava na
altura de voltar a um novo plano treino para a cansar o suficiente para que não
voltasse a brincar ao bob, o construtor, de mandrugada, no nosso quintal.
resultado: há três dias que a bobina tem corrido cerca de 45
minutos na praia, ao fim do dia. o frio não tem ajudado, tem custado horrores
sair de casa com destino à praia, já de noite, e as mãos e os pés geladinhos.
felizmente, a chuva tem dado tréguas, e vedade seja dita, assim que solto a
bobina e a vejo correr disparada em direção ao infinito com as patinhas e o
focinho na areia, o frio torna-se mais fácil de suportar. até porque para a
cansar acabo por andar também eu a correr à beira mar.
o melhor de tudo, é que nestas correrias, a bobina tem
brincado com outros cães na praia. o ponto alto da sociabilização aconteceu um
dia destes, em que assistimos a um verdadeiro milagre. a bobina, que ladra sem
parar a cães de grande porte desde o dia que uma cadela gigante lhe deu uma
dentada na coxa, brincou de igual para igual com um golden retriever. assim
quatro ou cinco vezes maior do que ela.
quando vi o cão a correr lá ao funo, tipo cavalo a
galope, na nossa direção, temi pela minha vida. sim, porque eu é que iria ter
de separar os pequenitos de uma luta de cães, visto que o dono do golden
retriever estava ao telemóvel a uns bons 500m de distância. para não piorar a
situação, e passar o meu pânico à bobina, afastei-me calmamente, como se nada
fosse, não sei antes a alertar para o "cãozinho amigo" que ali vinha.
ela topou-o e ficou em estado de alerta a vê-lo
aproximar-se. qual não é o meu espanto quando olho para trás e vejo os dois a
desafiarem-se um ao outro para uma boa correria! e assim foi. correram e
brincaram os dois até cairem para o lado de cansaço. literalmente. a
brincadeira acabou quando o golden retriever se desorientou numa finta que fez
à bobina, e lhe caiu em cima do lombo com os seus bons 40 quilos. guincho
histérico imediato da bobina, que sem demoras mostrou os dentes ao outro. fim
da brincadeira. cada um para seu lado. a bobina, rodas baixas, visivelmente
exausta. o outro, perna longa, a correr que nem um cavalo a galope, como se
nada se tivesse passado.
segunda-feira, novembro 28, 2011
os maus
estou tão habituada a que a bobina conquiste ao primeiro
contato a simpatia de toda a gente, que fico verdadeiramente incomodada quando
nos cruzamos com alguém que por princípio não gosta de cães, e que
obviamente não faz da bobina exceção. há um beto caixa d'óculos com a
mania que é bom na minha rua que franze o sobrolho e torce o nariz de cada vez
que nos vê passar. mora no prédio ao lado, onde a bobina é sempre convidada a
entrar e a passear-se pelo jardim por boa parte dos inquilinos. aquele não
gosta de a ver por lá e está no direito dele.
ontem à noite o beto ganhou coragem e pronunciou-se. talvez
por estar acompanhado por um amigo. diz que a bobina vai para ali fazer xixi e
cócó e suja aquilo tudo. expliquei-lhe que não, que ela só lá vai no regresso a
casa, depois de estar aliviadinha, e que gosta de lá ir para comer ervas e
cheirar os cantos à casa. e que só a deixo passar o portão porque tem
autorização para entrar da senhora que trata do jardim, e que por sinal
vive no prédio.
a coragem dissipou-se rapidamente, uma vez que depois da
minha explicação não teve mais nada a dizer. como cão que é, é claro que a
bobina já topou há muito a antipatia do senhor, pelo que ladra sem parar cada
vez que o vê, o que também não ajudará muito...mas só por causa da má vontade
espero que continue a ladrar cada vez mais quando vir aqueles óculos quadradões
fundo de garrafa.
domingo, novembro 27, 2011
o comando é dela
eu queria ver o querido, mudei a casa, mas bobina está
colada à televisão a ver o cão do "bruce, almighty", na sic. vou ter
de esperar que adormeça para ela não dar por nada. se mudo agora, lá vai ela
levantar-se em direção à televisão, à procura do cão, que na cabeça dela estará
escondido atrás do móvel...
manhã à solta
habituada que está a ver a bobina no seu estado natural de
energia a rodos, a vizinhança topa logo quando algo se passa. bastou ter
passado a manhã na praia a correr atrás das gaivotas, dos cães, de lixarada, e
da própria sombra, para enfraquecer logo as pilhas. perspicazes e atentas, a
dona liberdade e a senhora do quiosque comentaram prontamente que a bobina hoje
estava mais calminha. ajudasse a meteorologia e os preços dos combustíveis e a
bobina seria uma cadela calminha e aparentemente tranquila durante todo o
inverno. depois de lhes mostrar o que é correr na praia em liberdade,
refrescar as patinhas e a barriga na água e rebolar à vontadinha na areia
aquecida pelo sol, é quase um crime dizer aos cães que agora vamos ali dar uma
volta ao quarteirão de trela.
a pastelaria nilo
o local da bobina por excelência para fugir à dieta continua
a ser o café da esquina. no entanto, mesmo tento aquele cantinho garantido para
o petisco do final de tarde, a bobina não deixa de continuar a conquistar
tasquinhas nas ruas e benfica. o poder de conquista da pequenita, já chegou à
pastelaria nilo. na semana passada veio de lá com duas línguas de veado no
bucho, graças à empatia que já travámos com o empregado da esplanada.
maleitas da pulga
o betadine não foi suficiente. de manhã, a bobina tinha
lambido tudo e mais alguma coisa. ferida em carne viva, bem viva, a reluzir por
entre o pelo durado. impos-se mais uma consulta, siga para o veterinário depois
de almoço. o diagnóstico foi uma nova dermatite, desta feita, por
auto-mutilação. urge que a mutilação da bobina provocada pelas comichões
monstras da lergia à pulga seja travada pela cortisona. uma injeção resolve o
problema, eu já sei, mas desde o verão passado que tentei evitar o recurso à
maldita e traiçoeira cortisona. apesar de parecer a melhor amiga da bobina numa
crise alérgica, não se lhe podem medir as contra-indicações internas e invisíveis
a curto prazo. para já, o importante foi travar a dermatite que já estava a
erupção ali nos arredores da cauda.
travada de vez a comichão, e depois de novas doses de
betadine e pomada cicatrizante para tratar a ferida, constatamos que temos
mesmo de recorrer à solução de último recurso para ajudar a cicatrização: o
abat-jour. o funil. o colar. o pesadelo dos cães. o inevitavel para evitar que
a bobina escavacasse de novo a ferida na coxa. foram três dias de orelhas
caídas, a dormir aos meus pés e a levar tudo à frente cá em casa. três dias
quase sem comer, mas três dias bastaram para recuperar a mutilação canina.
uma nova bobina quando lhe tiro o abat-jour da cabeça. o
apetite regressa num abrir e fechar de olhos, as orelhas arrebitam, os olhos brilham
de satisfação. é a nossa bobina outra vez.
terça-feira, novembro 15, 2011
bastou uma pulga fora d'época
a bobina foi traída pelo banho, mais uma vez. foi mordida
por uma pulga nas 48 horas que separaram o banho da aplicação do anti-pulgas.
resultado, estamos de novo a braços com uma alergia que já lhe valeu uma ferida
na coxa. morde, morde, morde sem parar, até fazer sangue, como já fez.
hoje, mais uma noite sem dormir, para a bobina que não parou
de se coçar, e para mim que a ouvi desassossegada toda a noite em cima do
banquinho onde quis dormir hoje. atingi o limite às três da manhã. agarrei nela
e vai de betadine, o fim da picada de madrugada, ou não fugisse a pequenita do
betadine como o diabo da cruz.
uma hora depois, estamos em condições de ir dormir. depois
de ter fugido de mim como se lhe tivesse feito a pior coisa do mundo ao tratar
a ferida, eis que a bobina volta a supreender ao querer vir dormir na minha
cama, encostada a mim. é coisa que raramente se vê, tendo em conta
que na cabeça da bobina, assim que apago a luz, se ela estiver na minha
cama, pira-se de um salto para outro poiso qualquer onde pernoitar. foi educada
assim, e não há dia que não cumpra a regra.
seguiremos com a rotina do betadine até esta alergia passar,
e a bobina desistir de escavacar-se às dentadas dia e noite...
segunda-feira, novembro 14, 2011
o elefante amarelo
a bobina não liga patavina a bonecos de borracha ou de corda
para roer. ou melhor, aos de borracha até liga se forem daqueles que chiam. não
os larga até conseguir chegar à peça que cada um tem, e que os faz chiar a cada
dentada. o objetivo é acabar com aquilo. uma vez arrancado o cerne da questão,
eu que brinque com os ossos e as bolas de borracha, que a bobina tem mais que
fazer.
o que ela gosta mesmo é de bonecos de peluche. isso sim,
deem-lhe os que houver que ela não rejeita nenhum, e arranja sempre tempo para
brincar com todos e com cada um. agarra-os com os dentes e aí vai ela aos
saltinhos pela casa fora com a bonecada na boca. às vezes quer que eu os atire
para ela apanhar, outras vezes quer andar simplesmente ela a brincar. larga-os,
fica parada a olhar para eles com o rabo a abanar, e de repente salta para cima
deles, como quem ataca, para os agarrar outra vez com os dentinhos.
ontem, recebeu um boneco novo, por ter ficado em casa da avó
e não ter feito chiadeira, nem choradeira à porta. um elefante pequenino de
peluche amarelo, para ajudar a cerci. um sucesso aos olhos da pequenita. um
brinquedo bem comprado, constatei ao final do dia, já na nossa casa, quando
vejo a bobina escolher do meio da bonecada toda que já colecciona, o elefante
novinho em folha. ignorou todos os outros por um dia.
sexta-feira, novembro 11, 2011
OSSOS
antes de se atirar à rótula de vaca, aka osso, que
gentilmente lhe oferecem todas as semanas no renovado talho da grão vasco, a
bobina circula uns bons dez minutos pela casa com a peça na boca. percorrer o
quintal, vai lá dentro até à sala, passa por cima da cama dela, regressa à
cozinha, passa por cima da cama que tem na cozinha e regressa ao quintal para
mais uma volta. e assim sucessivamente até o osso começar a pesar no delicado
focinho da predadora. acaba por pousá-lo em cima de qualquer tapete, não sem
antes chorar um bocadinho, frustrada por não conseguir decidir o que fazer com
tamanha preciosidade.
ontem à noite não foi exceção. todo este ritual às nove da
noite. está claro que adormeci ao som tranquilizante de uma boa dentadura a
roer incansavelmente a preciosa peça. osso para cá, osso para lá, pelo chão,
pelos tapetes, pelas camas dela, tudo cheio de gordura. ainda tentou vir para a
minha cama roer mais um bocadinho, mas foi recambiada par ao chão. tentou
depois o sofá, e foi novamente repreendida. resignada, foi para a cama dela
espalhar a porcaria. é claro que depois não pôs lá as patinhas para dormir,
esperta a miúda.
o certo é que acabei por adormecer sem saber o desfecho do
osso semanal, mas hoje de manhã tudo se esclareceu assim que acendi a luz.
apesar de não ter visto o osso em lado nenhum, bastou ver o focinho da bobina
para perceber que o ritual mais uma se cumpriu ontem quando eu já dormia. a
bobina tinha ainda restos de terra espalhados pelo focinho, que ali se alojaram
no momento em que foi enterrar o resto do osso no quintal, derrotada pelo
cansaço.
quinta-feira, novembro 10, 2011
nem o mourinho nem o rock in rio
são sete da manhã, é de noite ainda e as únicas pessoas que
se veem na rua estão aglomeradas nas paragens de autocarro, abrigadas da chuva.
aí ou dentro das vistosas pastelarias de benfica. como habitualmente, passo com
a bobina em frente ao milennium. não sei o que há para ali, mas a bobina gosta
de cheirar todos os cantinhos do banco, ali quase em frente à igreja. ontem,
numa análise mais pormenorizada do edifício a bobina descobriu qualquer
coisa...
espetou as orelhas, perdeu a pose descontraída de quem
cheira todas as pedras da calçada individualmente, e pôs-se em posição de
defesa. colada ao chão, chegada para trás, pronta a saltar. e nisto começa a
ladrar desalmadamente contra o vidro, cortando o silêncio que se vive na rua às
sete da manhã. quando vou ver o que se passa, apercebo-me que a pequena bobina
ladrava sem parar a uma figura de cartão em tamanho real de nada mais nada
menos que josé mourinhoa promover uma conta que dá direito a bilhetes para o
rock in rio. só se calou quando lhe garanti que nós não temos de ir ao
festival. o senhor mourinho se quiser vai com a família, mas lá em casa não
somos obrigados. bobina respira de alívio.
o futuro
o sofrimento por antecipação é capaz de ser uma das coisas
mais estúpidas à face da terra. ainda assim, cada vez que leio um texto de
despedida de um dono para o seu cão, não consigo nem por nada desapertar o
coração quando penso que um dia chegará a vez da bobina sair de casa
dos pais para o céu dos cães. não é para lá que vão todos? e tenho medo que na
altura me faltem as palavras certas para expressar a sensação de vazio que será
ela não andar colada às minhas pernas e debaixo dos meus pés a toda a hora.
- bobina, ai de ti que batas o recorde de anos de vida dos
pequenitos.
terça-feira, novembro 08, 2011
a cadela que não dava a pata
a bobina nunca foi cadela de dar a pata. sabe bem o que
esperamos dela quando lhe pedimos uma patinha, só porque não temos mais nada de
interessante para fazer ou com que a chatear, mas pensará baixinho para ela que
as patinhas são dela, e que só nós já temos as nossas mãozinhas, não precisamos
das patinhas dela para nada. e vai daí presenteia-nos com lambidelas
várias. a bobina só dá a pata, e às vezes até as duas, uma de cada vez,
quando quer muito alguma coisa que não está a conseguir do modo convencional -
lambidelas e saltos em direção à nossa cara. aí sim, é ver como ela entende
tudo sem deixar espaço para dúvidas, e venham de lá essas patas!
por ter constatado isto ao fim de uns tempos, deixei de
pedir a pata à bobina. beijinhos ela dá com fartura, por isso achei que podia
deixar cair a gracinha da pata. o único momento do dia em que o faço é quando
chego a casa. agora até mais para ver a repetição da cena, do que outra coisa.
no meio das festas do reecontro dona-bobina, como quem não quer a coisa, vai de
pedir a pata à bobina para testar a reação: se me ignora, se me dá uma
lambidela, ou se me dá realmente a pata. nada disso. nesse momento, a
felicidade é tanta que ao pedir-lhe a pata, a bobina salta para cima de mim em
direção à minha cara com toda a força que arranja debaixo daquele lombinho
gordo e pesado. e é então que constato que a alegria é tanta que a pequenita
lança diariamente à dona, não uma, mas quatro patas a alta velocidade.
é bom referir que que estes cumprimentos são trocados quando
estou sentada, à altura da bobina. quem lhe dera, do alto dos seus 20 cm de
altura, conseguir alcançar com o focinho a minha cara assim de uma assentada.
bolachas de aveia... era o que faltava!
depois dos palitos de la reine da dona conceição, da carne
cozida e do chouriço do tio luís, do frango assado e das fatias de queijo da
dona fernanda no café da esquina, dos biscoitos da dona piedade, das
gambas cozidas na cervejaria, das bolachas maria na retrosaria, dos bocadinhos
de croissant da senhora do banco de jardim, das fatias de mortadela do senhor
do banco de jardim e das rótulas de vaca no talho.... eis que a bobina
conseguiu mais um cromo para a sua caderneta de petiscos das ruas de
benfica: as bolachas de aveia da loja de desporto big joe!
posto isto, qualquer dia temos de mudar de casa em prol da
linha e da saúde da bobina. não há quem resista ao olhar - olhos nos olhos - da
glutona de pelo comprido, que já conquistou pelo estômago toda a vizinhaça da
igreja de benfica...
segunda-feira, novembro 07, 2011
tanto pêlo para nada
acusando a chegada das baixas temperaturas, a bobina já
começou a recuperar alguns hábitos de inverno, atirando com as rotinas de
verão para o fundo do armário. bom exemplo disso é o poiso escolhido para
dormitar durante os quinze minutos que me levam o banho e as rotinas de higiene
matinais. já não fica lá fora a ladrar aos melros, nem na cama dela a
preguiçar. hoje já fui dar com ela de olhinhos meio fechados estendida nos meus
lençois ainda quentinhos. a única reação observada quando me aproximei,
com olhos de inspetora, foi uma bobina de barriga para cima à espera de festas.
quarta-feira, novembro 02, 2011
quarta de manhã
o dia começa cedo, ainda de noite. três dias depois, a
bobina já não dá mostras da confusão com a mudança da hora. hoje sou eu que
acordo primeiro. ela só se dirige para o meu braço, onde apoia a cabeça todas
as manhãs para as devidas festas, depois de me ouvir espreguiçar. mal dou ordem
para levantar, a bobina sai disparada como um foguete em direção ao quintal.
sabe que é para lá que vai ver se está tudo como deixou na noite anterior,
antes do merecido pequeno almoço. já de barriga cheia, é na cama dela que se
deita para mais uma curta sesta, enquanto tomo banho. não é quando fecho a água
ou saio da banheira, que a bobina decide juntar-se a mim na casa de banho. o
sinal de partida é dado quando me ouve escovar os dentes. aí sim, ela tem a
certeza de que há vida lá em casa e que provavelmente se adivinha uma saída.
quando passo ao quarto para me vestir, a bobina regressa à cama dela. observa
tudo com atenção até ao momento em que calço o primeiro sapato. nesse instante
troca a cama dela pela minha e salta em direção à minha cara com uma lambidela
pronta a sair. não restam dúvidas de que vamos sair. assim acontece.
já na rua, já de dia, são sete da manhã, vê do outro lado da
estrada duas senhores grisalhas encasacadas e de chapéu de chuva na mão. não
lhe ligam, não a veem. como quem não quer a coisa, a bobina atravessa a estrada
disparada na direção das vizinhas. ladra como um pastor alemão enquanto correr,
e cala-se quando chega ao pé delas. ofendida por ter sido negligenciada, a
bobina pede desculpa com lambidelas quando se aproximam e lhe estendem a mão em
jeito de festas. as ditas senhoras tomam o pequeno almoço todos os dias à mesma
hora na mesma pastelaria. ficam à janela, sempre na mesma mesa. a bobina
reconhece-as à distância. passa por elas todas as manhãs e vê-as cá de fora
junto ao vidro. nunca tinham trocado impressões, mas ficaram amigas para a
vida. mais duas cabeças grisalhas que a bobina irá procurar diariamente durante
os passeios pelas ruas de benfica.
terça-feira, maio 31, 2011
eu vou, tu vais, ela vai... vamos!
a esperteza saloia da bobina chega ao ponto de:
«- bobina! vai beber água!» ou
«- bobina! vai lá fora!»
quando estou no sofá e ela não me larga porque quer alguma coisa - e acreditem que ela pode ser bem insistente com patinhas, lambidelas e saltos para a minha barriga -, tento safar-me dos pequenitos ataques dizendo coisas como:
«- bobina! vai beber água!» ou
«- bobina! vai lá fora!»
nada resulta, nada a faz sair do sofá se eu não for atrás. a não ser que... e reparem na especificidade da aprendizagem dos pormonores da língua portuguesa desta cadela... a não ser que... eu faça uma ligeira alteração na frase.
Se em vez das formas anteriores, eu disser à bobina:
«- bobina! VAMOS beber água!» ou
«- bobina! VAMOS lá fora!»
salta imediatamente do sofá, de cima de mim, de onde quer que seja! é instantâneo! abençoado plural.
sexta-feira, maio 27, 2011
do calor...
o calor na rua às cinco da tarde é de tal ordem, que a bobina opta por deitar-se debaixo do banco de jardim, à sombra, onde segundos antes eu optei por sentar-me. à noite, pela fresca, a história será outra, como habitualmente.
update semanal...
últimos dias marcados por concertos, petiscos, chamadas anónimas, insectos, aloes, e muuiiita falta de paciência para pessoas que são uma perda de tempo.
nova tentativa natural...
na luta contra o uso da cortisona no tratamento das alergias, a bobina está em fase de testes no que toca aos poderes milagrosos do aloes. diz que é do melhor que há no tratatamento de alergias da pele. para já, não houve reação negativa por parte da barriga da bobina e parece que até aliviou as comichões durante umas boas horas. aguardamos pelos resultados dos próximos dias. se o saldo for positivo, vou tornar-me na maior consumidora nacional de aloes, quem sabe até me dedicarei ao cultivo. bobina, por favor, colabora.
segunda-feira, maio 23, 2011
raios e trovões...
descobir recentemente, graças às minhas simpáticas vizinhas, que a bobina quando está sozinha em casa tem medo da trovoada. não parece nada de extraordinário, visto que a maioria dos cães fica em pânico perante o barulho dos trovões. a novidade aqui é que em quase três anos de bobina cá em casa, nunca tal reação se tinha manifestado. a bobina tem passado por trovoadas bem barulhentas, sem pestanejar e sem dar mostras de estar sequer a ouvir o barulho do céu a desmontar-se aos bocados lá fora. impávida e serena.
durante a trovoada da semana passada, a bobina ficou sozinha em casa, enquanto a dona se presenteava com um prato de caracóis e outros petiscos numa cervejaria aqui na rua. no dia seguinte, duas vizinhas que nos encontraram num dos passeios do dia, dirigiram-se à bobina muito preocupadas, interrogando-a se estava melhor.
eu, traumatizada com as alergias da pequenita, pensei que se referiam às intermináveis comichões. pois que não. as senhoras estavam preocupadas porque durante a trovoada, a bobina uivou, chorou, ladrou, fez trinta por uma linha no quintal, e só acalmou quando as simpáticas senhoras começaram a falar com ela.
nessa noite, voltou a trovejar de madrugada. a bobina, que dorme de olhos abertos, nem sequer acordou com um trovão de tal maneira estridente, que me acordou a mim, que durmo de olhos fechados.
vida animal...
a minha casa foi assaltada este fim de semana por formigas às centenas. ainda estou para perceber o que viram na minha banheira... e ainda estou para perceber por onde entraram. o melhor de tudo é que as formigas estão mais resistentes do que nunca. já encharquei todas as possíveis portas de entrada para a família formiga com um produto apropriado, que diz que é do melhr que há, e continuo a vê-las a passear no meio dos champôs e dos cremes. que elas sabem nadar melhor que muitos de nós já eu sabia, agora que resistem a biokills, baygons, raids e assim, é novidade para mim.
tirando isso, as aranhas continuam a entrar pela janela. os parentes do homem-aranha preferem alojar-se, não na casa de banho, mas entre os meus lençois e no edredon. a ideia talvez pareça assustadora, mas p'raí à quinta aranha que me picou e que encontrei a navegar nos lençóis deixei de as encarar como intrusas.
aguardo ansiosamente pela chegada das melgas e das moscas.
segunda-feira, maio 09, 2011
a semana com o pé direito...
na ressaca de um fim de semana... como dizer... "atribulado", vá... sim, atribulado, já dei início ao que penso se vá tornar ao longo do dia numa série de enganos, esquecimentos, azares, pés torcidos, gaffes, chaves perdidas, o que lhe quiserem chamar, porque certamente vai haver de tudo.
ainda antes das oito e meia da manhã, já consegui apagar uma página inteira de emails de trabalho - a dos mais recentes, claro está - e como se isso não bastasse, como não gosto nada de lixo acumulado, apaguei-os também da pasta dos "deleted items" sem me aperceber de nada. só no regresso à "inbox" reparei que o primeiro email que ocupa orgulhosamente o primeiro lugar, tem já data de meio da semana passada.
não há-de ser nada...
segunda-feira, maio 02, 2011
relva proibida...
as alergias da bobina estão a ganhar proporções preocupantes. diz que a pequenita é alérgica à relva. diz também que se continuarmos a cumprir os protocolos de rotina que inserimos na nossa rotina recentemente, a coisa pode vir a estar controlada, porque a acupuntura vai ajudar a melhorar as defesas. ou melhor, vai diminuir a intensidade das reações alérgicas demonstradas até aqui na pelo da bobina.
a primeira sessão de acupuntura correu bem, diz a vet. pela parte que me toca, nunca vi a bobina tremer tanto. é mariquinhas, recorde-se. tremia mais por antecipação do que pela própria picada da agulha, que, diga-se de passagem, quase nem as sentia. foi um filme para lhe colocar as agulhas, e outro filme para a manter quieta 15 minutos com as agulhas espetadas para os pontos chave serem pressionados.
no final da sessão, havia agulhas para a troca no chão, no sofá e na minha camisola.
próximo passo: descobrir o que vou fazer à relva que temos cá em casa, e o que pôr no lugar dela. areia é o aconselhado, mas só de imaginar que quando chover a areia molhada vem toda agarrada às patinhas da bobina para dentro de casa, só me apetece deixar apenas duas placas de cimento no quintal.
é só o começo...
domingo, maio 01, 2011
de regresso a casa...
e sem que ninguém desse mais nada pela dieta da bobina, eis que inadvertidamente a pequenita recuperou o ar franzinho e frágil, com que deu à costa há quase três anos, e está de novo com o lombinho esguio e de queixo fino.
a bobina esteve quatro dias sob os atenciosos cuidados da avó, que generosamente se disponibilizou para vir tomar conta da neta de cabelo comprido para a nossa casa. tudo correu pelo melhor. pelo menos, tudo aquilo que pode ser controlado, ou seja, as rotinas. de resto, falhou o apetite da bobina. a pequenita de apetite insaciável, glutona e sempre à espera de mais uma migalhinha, rejeitou a ração todas as manhãs.
os relatos da avó deram conta de uma bobina murchinha e de olhos tristes nos primeiros dias. as saudades são tramadas. depois, parece que arrebitou, mas mesmo assim, continuou a deixar a comida no prato de manhã.
o reencontro foi emocionante, como habitualmente. uma alegria tão genuína, que chega a ser comovente, e que continua a deixar-me de queixo caído de cada vez que se manifesta, pela ternura e a genuinidade de sentimentos que um animal consegue demonstrar, sem filtros de qualquer espécie. anos luz de distância daquilo a que nós, ditos seres racionais, conseguimos chegar. talvez seja por isso que nos classificamos como racionais. a bobina é emoção pura.
depois de me ter arranhado cada centímetro de pele à vista com os saltos que deu para cima de mim, e de me ter lambido a cara, as mãos e os braços minutos a fio, a bobina foi comer. limpou a taça e pediu mais ao jantar. a dona está em casa.
quinta-feira, abril 21, 2011
na ausência do coelho da páscoa...
a bobina vai passar o fim de semana prolongado ao campo. esperam-se três dias de soltura, de corridas à chuva, de focinho e patinhas enfiados nas ervas molhadas, de convívio com as cabrinhas e ovelhas vizinhas. haverá petiscos, ossinhos e demais iguarias que a bisavó dará à bobina às escondidas da dona, reprovadora. a melhor parte, é que a bobina está tão bem ensinada, que quando recebe um petisco extra fica tão contente que vem mostrá-lo à dona, reprovadora. é páscoa. que sejam dias santos pelo menos para a bobina.
por estes lados, a dona tenta convencer o estômago a não entrar em círculos antecipadamente, devido à separação que se avizinha na próxima semana. estarás em boas mãos, aos cuidados da avó.
quarta-feira, abril 20, 2011
tv tyra...
a tyra banks acordou a bobina. depois de uns segundos de orelhas espetadas a tentar identificar a origem dos gritos, a bobina virou-se ao contrário e continuou a dormir. pelo sim, pelo não, mudei de canal.
quinta-feira, abril 14, 2011
histórias dos arneiros...
já por várias vezes tive aqui oportunidade de expressar o quão sociável a bobina é, sobretudo com as pessoas. com os seus pares, tem um trauma para a vida, fruto de uma dentada que levou de um cão gigante e mau, e tem um problema grave de dominância face aos cães maiores que ela, ou seja, 90%.
mas como ia dizendo, a bobina é extremanente sociável com as pessoas. num comum passeio, vai ter com toda a gente que lhe possa parecer um álvo fácil para festas ou petiscos. é claro, que depois quem leva com as conversas de ocasião é a dona. desde que a bobina está comigo, que tenho ouvido histórias de vida de toda a terceira idade aqui da rua/ bairro. não é que não valorize os argumentos que se me apresentam diariamente ao virar da esquina, mas queixo-me, isso sim, quando os protagonistas das histórias não sabem quando parar.
hoje, no passeio da tarde no jardim do costume, a bobina foi ter com uma senhora que enchia garrafões de cinco litros de água no bebedouro municipal do jardim. intrigada, la foi a pequenita cheiras os garrafões fresquinhos e alinhados em fila junto ao campo de futebol. ao ver a bobina, interrompe o processo do engarrafamento. faz uma festa à bobina, duas, três e pronto... foi o suficiente para lhe trazer à mente as memórias da falecida cadelinha.
Trouxe comigo a história de um animal que viveu 17 anos com os donos. Já lhes conhecia de cor os hábitos, palavras, gestos, rotinas e horários. Era o dono que o passeava. O marido da senhora dos garrafões, portanto. Um dia, o marido teve um avc e não pôde passear mais a cadelinha. Ela, esperta, passou a ir ter com a dona. Sabia que tinha de esperar que a senhora acabasse de lavar a loiça, por isso deitava-se na cozinha à espera. Quando a dona fechava a água, a cadelina já sabia que estava tudo a postos para ir à rua.
Os últimos anos viveu-os em sofrimento. Um tumor na barriga. A princípio ainda tinha vontade de sair de casa, mas já com dificuldade em descer as escadas, esticava as patinhas a pedir colo à dona, a senhora dos garrafões que foi também a narradora desta história esta tarde. Depois de idas diárias ao veterinário as dores já não davam tréguas. A cadelina aprendeu que a dona podia tirar-lhe as dores com comprimidos. Ia ter com ela vezes sem conta a implorar pelos comprimidos, fossem seis da tarde ou três da manhã.
A cadelinha acabou por morrer. A senhora que hoje faz festas à bobina optou por não recorrer a operações para não fazer sofrer mais o seu animal de tanta estimação. Levou uma injeção, para lhe poupar mais sofrimento. À cadelinha. Não à dona. Porque essa, conta que algum tempo depois da cadelinha morrer, encontrou num casaco um dos biscoitos com que andava sempre para lhe dar. Voltou a chorar, com o biscoito na mão.
Enquanto oiço esta história, tenho a bobina ao meu lado, presa pela trela, a ladrar a plenos pulmões e a puxar pela trela com todas as forças para ir impor respeito a todos os cães que por ali passam. A senhora continua a falar todo o tempo, sem dar conta de nada.
Não me disse o nome da cadelinha.
quarta-feira, abril 13, 2011
a carregar baterias...
livre das comichões alérgicas e a reagir à nova medicação, a bobina anda capaz de dormir mais horas do que alguma vez pensei que lhe fosse possível, sobretudo durante o dia. a justificação médica diz que a pequenita está a repor as energias gastas no combate à comichão, nos últimos tempos, assim como as horas de sono que dispensou para se coçar, noite e dia, dia e noite.
contabilizando as horas que anda a dormir desde segunda feira, temo pelo sossego da minha vida ao imaginar os níveis de energia que a bobina vai atingir quando o sono estiver finalmente reposto.
terça-feira, abril 12, 2011
um raio de sorte...
não querendo deitar foguetes antes da festa... a bobina começou ontem a tomar as cápsulas de ácidos gordos, fazem parte do mega tratamento que estamos a fazer para combater as mil e uma alergias de que a pequenita sofre. são cápsulas gigantes aos olhos da bobina, que misturo na ração. sempre pensei que, tal como faz com os comprimidos que de vez em quando sou obrigada a dar-lhe misturados na comida, as cápsulas iam ficar no fundo da tigela, intactos. mas não.
acontece que por sorte as cápsulas são exatamente da cor da ração que a bobina está a comer agora. (agora, agora, não, que a devorou por inteiro às sete da manhã) com a vantagem de que são maiores do que os bocados da ração. ou seja, a cápsula dos ácidos gordos é a primeira que a bobina come. mesmo antes da ração. é bem feita, para não ser gulosa.
ahahahahahahahaha! 58 to go...
segunda-feira, abril 11, 2011
bobina vs espirros e comichões...
nos próximos meses, tentamos cá em casa um tratamento alternativo para as famigeradas alergias da bobina. abril ainda mal tinha começado e já a pequenita tinha levado a primeira injeção de cortisona do ano, fruto de mais uma alergia à picada da pulga. e visto que, ou a bobina é imune aos anti-pulgas que nao lhe fazem alergia, ou as pulgas é que são imunes ao produto, temos de partir para a medicina alternativa, para que a pobre cadela não viva a década a que ainda tem direito a sofrer de comichões e a fazer feridas na pelo com as próprias patinhas.
depois de saber os custos implicados, acho que para já posso dizer adeus a berlim, pelo menos por mais um ano. para além da ração específica para peles sensíveis que já consome, para atenuar as alergias a bobina precisa de:
- champô específico para a pele seca/ sensível/ alérgica
- spray calmante/ hidratante para a pele
- suplementos alimentares para alergias de pele e respiratórias
- coatex ácidos gordos para juntar à ração (seja lá o que isso for)
- banhos regulares com os tais produtos para hidratar a pele (parece que os cães com problemas alérgicos devem tomar banhos uma vez por mês, e não 2 vezes ao ano, como ou "sem problemas")
- uma sessão de acupuntura por semana, nos primeiros três meses, e depois logo se vê.
e esta, hein?
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