quarta-feira, outubro 24, 2012

diagnóstico: ansiedade

o regresso à escrita prende-se com o dia zero de uma nova vida para a bobina. depois de quatro anos a conviver com a ansiedade, que a bobina trouxe na bagagem quando veio cá para casa, os reflexos desse pequeno problema deixaram de poder ser considerados menores, em comparação com todas as conquistas que a pequenita tem feito, através da sua já inquestionável capacidade para absorver e apreender tudo aquilo que lhe ensino diariamente. 

em consequência de um episódio que não acrescentou nada à sua rotina diária, a bobina criou um pânico desmedido aos carros e barulhos que povoam as ruas da cidade, que lhe lhe está a condicionar a vida normal. Por se ter cruzado com um camião do lixo num dos passeios da tarde, a bobina vê agora qualquer viatura, e barulho, como ameaça iminente à sua segurança. e de uma cadela sociável, sempre pronta para ir à rua, e activa, a bobina passou a ser uma cadela que por vontade própria não punha nem o nariz fora da porta do prédio, e que pouco liga à vizinhança, tal é a pressa de voltar para casa assim que a faço sair de casa. 

é triste de ver como de um momento para o outro, sem razão aparente, o comportamento de um animal pode mudar. num minuto, não posso abrir a porta sem que ela saia disparada à procura de algum vizinho que lhe faça festas na rua ou lhe dê qualquer petisco para a confortar; no outro, tenho de a obrigar a sair, arrastando-a pela trela, enquanto a vejo colar-se ao chão com todas as forças à porta de casa, e a chorar quando a puxo em direção à rua.

diz que não é mais do que o culminar de um estado de ansiedade partilhado por muitos dos cães que um dia foram abandonados.

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