quinta-feira, novembro 01, 2012

e eu, caraças?

isto é tudo muito bonito, a ansiedade da bobina, as novas regras, devolver-lhe a alegria de passear na rua, etc, etc, mas e eu, caraças? andei quatro anos a habituar-me a viver com uma sobra atrelada a mim, e que nunca se foi deitar quando o sol se pôs. se eu me levanto, lá está ela. se me deito, lá vem ela. se vou lá fora estender a roupa, lá está ela ao pé das molas. se vou fazer o almoço, lá está ela encostada ao fogão. se vou tomar banho, lá está ela à porta. lá está ela, lá está ela, lá está ela. 

e agora?

quatro anos depois, pedem-me que me habitue de um dia para o outro a viver outra vez sem a sombra às costas. parece tudo muito saudável, mas os hábitos não se ganham nem se perdem da noite para o dia. estou felicíssima com os progressos da bobina, que até já vai sozinha para a cozinha dormir uma sesta ou outra, mas acho que tenho direito a pelo menos um ou outro post sobre a estranheza que sinto ao vê-la procurar o seu espaço longe do meu quando estou em casa, no sofá. há um mês era impensável um comportamento destes na bobina. 

o distanciamento está a instalar-se a pouco e pouco. e não me interpretem mal quando escrevo distanciamento. podemos chamar-lhe uma distância de segurança. assim, a bobina não tem taquicardias sempre que pressente que me vou afastar, e eu não vou com o coração nas mãos cada vez que efetivamente tenho de me ausentar por mais de um dia.

constato que tenho mais uma vez muito a aprender com a bobina. neste momento, no que toca ao poder de encaixe e à rapidez na adaptação a esta nova etapa nas nossas vidas. por que é que será assim tão difícil viver no presente?

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