e sem que ninguém desse mais nada pela dieta da bobina, eis que inadvertidamente a pequenita recuperou o ar franzinho e frágil, com que deu à costa há quase três anos, e está de novo com o lombinho esguio e de queixo fino.
a bobina esteve quatro dias sob os atenciosos cuidados da avó, que generosamente se disponibilizou para vir tomar conta da neta de cabelo comprido para a nossa casa. tudo correu pelo melhor. pelo menos, tudo aquilo que pode ser controlado, ou seja, as rotinas. de resto, falhou o apetite da bobina. a pequenita de apetite insaciável, glutona e sempre à espera de mais uma migalhinha, rejeitou a ração todas as manhãs.
os relatos da avó deram conta de uma bobina murchinha e de olhos tristes nos primeiros dias. as saudades são tramadas. depois, parece que arrebitou, mas mesmo assim, continuou a deixar a comida no prato de manhã.
o reencontro foi emocionante, como habitualmente. uma alegria tão genuína, que chega a ser comovente, e que continua a deixar-me de queixo caído de cada vez que se manifesta, pela ternura e a genuinidade de sentimentos que um animal consegue demonstrar, sem filtros de qualquer espécie. anos luz de distância daquilo a que nós, ditos seres racionais, conseguimos chegar. talvez seja por isso que nos classificamos como racionais. a bobina é emoção pura.
depois de me ter arranhado cada centímetro de pele à vista com os saltos que deu para cima de mim, e de me ter lambido a cara, as mãos e os braços minutos a fio, a bobina foi comer. limpou a taça e pediu mais ao jantar. a dona está em casa.
2 comentários:
: )))
Gosto sempre de ler. E neta de cabelo comprido é lindo! <3
Conseguiste ver as fotos da tempestade no deserto?...
vi, pois! e quando regressei a casa ainda tinha neve no quintal :) a bobina aproveitou bem, pelos vistos gosta de sentir as almofadinhas das patas fresquinhas.
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