domingo, março 14, 2010

as good as it gets...

de há quase três anos a esta parte que tenho o privilégio de viver numa casota com um terraço bem jeitoso. é uma sorte. mas não querendo parecer pobre e mal agradecida (já basta o pobre), estou a chegar à conclusão de que a minha perspectiva em relação aos jardins em casa, é como a da maioria das pessoas em relação aos cães. significam 90% trabalho e despesas e uns singelos 10% de compensação. Se não veja-se (e desculpem se estão com pouco tempo, mas vou alongar-me):

- decidi forrar os muros com aquelas palhinhas tão giras e práticas para decorar e garantir alguma privacidade. resultado: ao fim de um ano estão prontas para ir para o lixo, brancas e podres da chuva e do sol.

- comprei um chapéu de sol cor-de laranja para pôr no centro da mesa que tenho lá fora. resultado: perdeu a cor por causa do sol, caiu uma mão cheia de vezes por causa do vento, arrastando a mesa atrás e fazendo um cagaçal dos diabos de madrugada. como se não bastasse, partiram-se umas quantas varetas - lixo.

- cansada das plantas-arranha-céus que herdei da senhoria, decici tornar os canteiros bem bonitos com tapetes de relva, no verão passado. resultado: ao fim de uns meses de chuvas ininterruptas, tenho ervas daninhas por todo o lado misturadas com a relva, que neste momento mais parece um bosque.

- fartinha da relva pelos joelhos, lá me resolvi a comprar um cortador de relva eléctrico. é maneirinho, da bosch, está em promoção, diz a senhora que é uma espécie de negócio da china. tudo bem, eu acredito, e ainda assim a meu ver custou um balúrdio, e ainda tenho de gastar um extra numa extensão para poder dar um passo que seja com o cortador no quintal.

- tudo a postos para dar cabo do bosque, o cortador é realmente uma máquina (em sentidos literal e figurado), e os meus canteiros parecem acabados de sair do barbeiro, de cabelo espetado. tudo perfeito. até perceber o estado em que está o interior do cortador.... relva, relva, relva esmigalhada por toda o lado.

- percebo imediatamente que também devia ter comprado aqueles sacos gigantes de jardim, que na altura pensei que o que levaria alguém a gastar dinheiro naquilo. onde pôr 35 lt de relva esmigalhada sem a entornar toda? em lado nenhum... metade caiu no chão e a outra metade ainda está agarrada ao cortador, e porquê?

- porque ao ler as instruções de limpeza, logo na primeira linha advertem para que não se use água nem qualquer outro líquido para limpar a máquina. como disse? acha realmente que um pano, como sugere, vai arrancar um mundo inteiro de relva de dentro da máquina com eficácia? um pano? de certeza que também é um pano específico que terei de comprar quando for buscar os sacos gigantes.

- e fora eu rica e mal agradecida, trazia também aquele aspirador/cuspidor da black&decker que os limpadores de ruas usam para afastar as folhas caídas e demais lixo das ruas, mais um pequeno balúrdio, para limpar a relva que ficou para ali espalhada no meio dos canteiros. resultado: esta semana dedicarei uma tarde à pá e à vassoura.

- ao pé disto tudo, arrancar urtigas e ervas daninhas é tão simples que talvez para apróxima ponha a bobina a faze-lo com as patinhas.

- e depois de tudo isto, continuo no entanto a ter a certeza que se agora aqui pusesse uma foto do dito quintal, de cabelo cortado e cara lavada, toda a gente is querer um um e a palavra "trabalho" desvanecer-se-ia num ápice da mente de cada um. sobretudo se eu aparecesse na foto, bem recostada na espreguiçadeira, bebendo um schweppes laranja fresquinho.

2 comentários:

Lígia Silveira disse...

ui... tou cansada só de ler o relato...

mary-john disse...

:)
é sempre a andar!