sexta-feira, fevereiro 03, 2006

smells like teen spirit......

o cheiro a éter tem em mim um poder vitalício. como a tal comparação com o saber andar de bicicleta. não se esquece. por mais anos que consiga manter-me afastada de um hospital, de um centro de saúde, de um consultório, de um médico, quando o confronto se torna por demais inadiável, volta tudo à memória. não sei bem o quê, mas volta. o embrulho no estômago, as tonturas e uma dor de cabeça desce sobre mim qual relâmpago. e tento animar-me pensando adeus até ao meu regresso, e que para a próxima será diferente, mas a verdade é que isto com o tempo não melhora... diz quem sabe que é um trauma de infância que me habita o subconsciente e que portanto se manifesta quando menos espero. a sensação, desdramatizando, é um pouco como quando numa ementa vejo sopa de cenoura aliada a carne à jardineira. odeio esta iguaria, mas não desgosto de sopa de cenoura. basta, no entanto, ver um prato aliado ao outro para que me caiam mal mesmo sem os comer. e eu nem sofro do estômago. era esta a ementa das segundas-feiras na minha escola primária. e cada vez que vejo estes pratos vem me de imediato à memória a imagem do refeitório, os gritos da ivone que nos assustou durante anos com a ameaça "se vomitam comem o vomitado", e os bolsos da minha bata verde e dos meus colegas cheios de bocados de carne embrulhados em guardanapos que nos encarregávamos de depositar discretamente à saída nos caixotes de lixo espalhados pela escola no percurso que fazíamos até ao recreio para o intervalo da hora de almoço. digo hoje com orgulho que desde então nunca mais comi jardineira. quanto ao éter... amanhã logo se vê...

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